quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

DEBATES SOBRE O PORTUGUÊS ANGOLANO

A sociolinguística é um ramo da línguística que estuda a língua em seu contexto social. Se a língua "é uma forma de comportamento social" (LABOV, 2008, p.215) então nunca se pode estudar a língua sem se ter em conta as variáveis sociais (variáveis independentes) tais como: a idade, o nível de escolaridade, a língua materna (caso seja L2), o sexo, o lugar geográfico, as redes sociais, etc. Estes e  outros fatores fazem com que o português na CPLP seja diferente de lugar para lugar. Já está provado (por meio de vária literatura) que na CPLP não se fala o português da mesma maneira. Há variações a nível lexical, fonético-fonológico, morfológico, sintático, semântico, pragmático, etc. Em Moçambique, por exemplo já foi publicado em 2002, o Minidicionário de moçambicanismos e tem em online o Dicionário de Moçambicanismos que é uma amostra da variação e mudança lexical do Português de Moçambique. 
Vejamos a seguir como a questão PORTUGUÊS DE ANGOLA é discutido e algumas referências de base:

Algumas palavras do Português de Angola

Dicionário do portugues de Angola (A-D)


Dicionário do Português de Angola (E-L)

DICIONÁRIO DO PORTUGUÊS DE ANGOLA (M-Z)


O quibumdo no Português de Angola

Escritor angolano defende o Português Angolano


O Angolês, uma maneira angolana de falar português



É importante combater o preconceito linguístico com relação às variantes africanas.O Brasil avançou bastante nesse campo e já tem dicionários, gramáticas que explicam o funcionamento das suas variantes. Os PALOP's devem avançar nesse campo, combatendo assim o fraco aproveitamento nas nossas escolas.
Situação Linguística da Tanzania

L’amélioration de la compétence phonologique des enseignants de français du secondaire en Tanzanie.

                                                Mapa Tanzania

Situação Linguística em Africa

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


OS ESTRANGEIRISMOS E OS EMPRÉSTIMOS NO PORTUGUÊS FALADO EM MOÇAMBIQUE


CADERNOS DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS Universidade Estadual de Campinas.

Instituto de Estudos da Linguagem − Campinas, SP, nº 1 (ago. 1978−)
Publicação Semestral
ISSN 0102-5767
Cad. Est. Ling. Campinas nº 54(2) p. 183-318 Jul./Dez. 2012

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Debate sobre a Variação Linguística em Moçambique

Caros irmãos Mozucas,

O preconceito linguístico é condenável. O debate sobre a "Variação Linguística" não só discutido e pelos moçambicanos mas sim em todo mundo. Meus irmãos, as línguas têm esse poder de variar e mudar com o tempo, com lugar, com género, com nível social, com idade, etc. É o que em sociolinguística chamamos de variação diatópica, distrática, diamésica, diafásica e diacrónica (BAGNO, 2007, p.46-47). Que fique claro que em nenhuma parte do mundo se fala uma língua da mesma forma. Mas saibam também que isso não é problema nenhum e nem deve ser. É um caminho "normal" que as línguas tomam (cf.LABOV, 2008). O que acontece com as trocas das consoantes B por P, T por D, etc, tal como foi apresentado é resultado da "interferência das línguas bantu no português. Convido-vos desde já a ler o artigo de Ngunga (2012) intitulado "As interferências das línguas moçambicanas no português falado em Moçambique" para entender quais os processos mais frequentes.(http://www.revistacientifica.uem.mz/index.php/seriec/article/view/15/28)
O meu blogue intitulado"DISCUTINDO A LINGUÍSTICA E EDUCAÇÃO EM ÁFRICA"(http://timbane.blogspot.com.br//) tem vários artigos que podem vos ajudar a acabar com preconceito linguístico. A discriminação linguística não pode ter lugar na nossa sociedade.Os nampulenses não falam errado.Só falam diferente. Os caipiras (no Brasil) não falam errado só falam diferente, etc, etc. Não sei se já perceberam que mesmo o xichangana (a 2ª língua bantu mais falada depois de makwuwa) tem variantes? Segundo Sitoe (1996) e Ngunga; Faquir (2011, p.225) tem hlanganu, dzonga, n'walingu, bila, hlengwe. Entre os falantes do xichangana percebem que há variações e porquê isso não pode acontecer em português?
O debate apresentado pelos mozucas revela mais uma vez a presença do "Português de Moçambique" defendida por Dias (2002,2009a,b), Gonçalves(1998, 2012). Hoje, há muitas unidades lexicais vindas do bantu, do árabe, de outras línguas línguas  e que fazem parte do "nosso português". Em Timbane (2012) pode-se ver como os estrangeirismos e os empréstimos linguísticos entram no Português de Moçambique : http://www2.unucseh.ueg.br/vialitterae/assets/files/volume_revista/vol_4_num_1/Via_Litterae_4-1_2012_1-ALEXANDRE_TIMBANE_Estrangeirismos-emprestimos_em_Mocanbique.pdf 

Concluindo:
A "piada" feriu algumas sensibilidades, mas talvez fosse para chamar atenção na existência de variações linguísticas no Português de Moçambique (a nível fonético-fonológico). Os neologismos (matriz interna e externa) são uma forma de criatividade lexical que ocorrem com mais frequência no Português de Moçambique. Sugiro que a mesma piada(e muitas outras) sejam feitas sem intenção preconceituosa.
Um abraço!
Alexandre António Timbane

Em baixo: O conteúdo dos debates



De: nordino muaievela
Para: Nerito Oliveira
Enviadas: Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2013 19:41
Assunto: Re: Re: [MOZUCAS] Jogo de Nomes e Terras em Nampula

E .... ainda que eu nao seja uma amostra suficiente no seu entender, no minimo podes usar a tal amostra para dizer que " nem todos nampulenses".
Enviado do Yahoo! Mail no Android


From: Nerito Oliveira
To: mozucas@yahoogroups.com ;
Subject: Re: Re: [MOZUCAS] Jogo de Nomes e Terras em Nampula
Sent: Fri, Feb 1, 2013 9:03:00 PM 

Caros mozucas e Nordino (em especial),

Por curiosidade dei uma olhada na internet a respeito de troca de letras sem a mínima noção de que era um distúrbio da fala, creio que isto surpreenderá alguns dos mozes também! Eis o resultado:
A troca de letras é um distúrbio da fala que se atribui o nome de Dislalia.

"dislalia é um distúrbio da fala que se caracterizado pela dificuldade de articulação de palavras: o portador da dislalia pronuncia determinadas palavras de maneira errada, omitindo, trocando, transpondo, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas a elas." 

"As trocas de letras mais comuns provocadas pela dislalia são de "P" por "B", "F" por "V", "T" por "D", "R" por "L", "F" por "S", "J" por "Z" e "X" por "S"."
"É muito perigoso quando se vê na televisão, principalmente em programas cômicos ou desenhos animados, personagens que apresentam essa deficiência de troca de fonemas, a dislalia. Tais personagens acabam influenciando negativamente os pacientes, sobretudo as crianças e os adolescentes, que são mais influenciáveis por certos modismos que aparecem a todo momento." Mais detalhes em http://www.boasfalas.com.br/dislalia-troca-de-letras/.

Sendo assim, sou favorável a opinião das pessoas contrárias a este tipo de manifestação descriminatória  (Felix, Basílio, etc) , afinal trata-se de um problema sério. Acredito que muita gente considera normal, ou seja, forma típica do norte do país. Creio também que isso ocorre mais frequentemente em pessoas menos letradas/alfabetizadas. Eu particularmente tenho notado ao escrever certas palavras, embora seja raro, troco o "T" por "D" involuntariamente, e claro, corrijo imediatamente. Portanto, é de se pensar a necessidade de estudo do caso, principalmente as pessoas que seguem a carreira de fonoaudiologia ou os nossos governantes.
Dirigindo-me ao Nordino, o fato de nunca seres vítima da discriminação ou não apresentares este problema, não acho que sejas uma amostra suficiente para deixar de se dar importância a este problema. Já presenciei muitas atitudes descriminatórias para com os nossos irmãos que saem do Norte para trabalhar no Centro ou no Sul!

Abraços
Nerito

De: nordino muaievela
Para: "mozucas@yahoogroups com"
Enviadas: Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2013 17:58
Assunto: Enc: Re: [MOZUCAS] Jogo de Nomes e Terras em Nampula

Enviado do Yahoo! Mail no Android


From: nordino muaievela
To: cachimo.assane
Subject: Re: [MOZUCAS] Jogo de Nomes e Terras em Nampula
Sent: Fri, Feb 1, 2013 7:24:21 PM 

Caro Basilio, tenho o orgulho de ter nascido em Nampula. Nunca fui vitima do tal prato forte da Naçao a que te referes e ainda que isso exista nunca dei importancia. E ainda que voce nao seja de NPL devias fazer ou mesmo, pois basta olhar o seu ultimo nome e tentar rever as suas origens.
Abs
Enviado do Yahoo! Mail no Android


From: Cachimo Assane
To: ;
Subject: Re: [MOZUCAS] Jogo de Nomes e Terras em Nampula
Sent: Fri, Feb 1, 2013 7:07:10 PM 

Concordo consigo meu caro Basilio. Mas tambem vale lembrar que no sul do país quando se pronuncia nas palavras, há tendencia de ASSOBIAR...Fale com verdadeiro maxangana para pronunciar, por exemplo,  a palavra MALHAPSENE, terá a nocao do que estou falando.
O que acontece é que os nossos compatriotas do sul querem fazer  parecer que nao tem problemas de pronuncia, mas a realidade é completamente diferente. "Fica rindo do rabo do outro, antes de conferir o seu ".Infelizmente essas mentalidade nao é de hoje, comecou mesmo  os nossos ditos  "libertadores". 
Abraco 


---Original Message-----
From: Brazao Catopola 
Date: Fri, 1 Feb 2013 20:40:01 
To:  <mozucas@yahoogroups.com>
Subject: Re: Enc: Re: [MOZUCAS] Jogo de Nomes e Terras em Nampula

Novas palavras em Mocambique:
Enxame
Incontida
Tampar
 manteiga
Manter
Identificação
Alheio
Banalizou
Bife
Ante
Arroz
Olho
Banzar
Brinquedo
Estudar
Educar
Enquanto
Achada
Violação
Joanquim
Jamainca
Empantorada
Mangnifico
Entc entc entc
Enviada do dispositivo sem fios BlackBerry®
No dia 1 de Fevereiro de 2013 à11 15:30, Basilio alberto nipwesa  escreveu:

 Caros amigos Muzucas, sei que os nampulenses têm sotaque para caramba,mas adianta difamá-los nesse veiculo de comunicação , porque isso carateriza um preconceito contra os nativos de Nampula.  Não sou  nampulense, mas defendo a causa deles e todos aqueles que sofrem discriminação de qualquer segmento, quer seja por virtude do sotaque, religião," chingodismo "- nome  pejorativo atribuído à pessoas que moram  no norte do rio Save; racial, profissional ou por analfabetismo, um prato forte no nosso país.


m fm d smna... 


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