É um blogue acadêmico que se interessa por questões ligadas a educação e linguística em países africanos em especial dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). O blogue compartilha pesquisas e trabalhos que discutem a política e o planejamento linguísticos e o ensino defendendo que "a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo"(Nelson Mandela)
domingo, 31 de março de 2013
DIVERGÊNCIAS NA CPLP SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO
Moçambique ratifica Acordo Ortográfico
Professor universitário reage ao Acordo Ortográfico
Angola favorável ao Acordo Ortográfico mas com modificações
O Acordo 20 anos depois
O impossível Acordo
Acordo ortográfico e bocejo
Moçambique ratifica o Acordo Ortografico
Sobre o Acordo Ortográfico três olhares lusófonos – Brasil, Moçambique e Portugal
ANGOLA FECHA AS PORTAS AO ACORDO ORTOGRAFICO
ANGOLA QUER ALTERAÇÕES NO ACORDO ORTOGRAFICO
Ainda sobre o acordo ortografico
DEBATES SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO NO BRASIL
TODOS ARQUIGOS FORAM PUBLICADOS NA "REVISTA LIGUASAGEM" .
CONTRIBUIÇÕES DE: Fabíola Pereira Rodrigues Figueira (UFRJ), Daniele Soares da Silva(UFRJ), Carlos Alberto Faraco (UFPR), Sírio Possenti (UNICAMP), Luiz Carlos Cagliari (UNESP).
De por que é um erro prorrogar até 2016 o prazo de implantação definitiva da ortografia prevista pelo Acordo Ortográfico de 1990
AS NOVAS REGRAS DO PORTUGUÊS – MUITO MAIS QUE UM ACORDO ORTOGRÁFICO
COMO CLASSIFICAR AS LETRAS K, W, Y?
O VOCABULÁRIO ORTOGRÁFICO (VOLP) DA ABL
O ACORDO E AS LETRAS MAIÚSCULAS: UM PEQUENO PROBLEMA
MUDANÇAS ORTOGRÁFICAS NO HORIZONTE
REFORMA ORTOGRÁFICA: PERDA DE IDENTIDADE?
UMA MUDANÇA NECESSÁRIA
ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990
SEMPRE A ORTOGRAFIA
ENTREVISTA COM O PROF. DR. LUIZ CARLOS CAGLIARI
REVISTA LÍNGUA E LITERATURA
Resumo: A presente pesquisa versa sobre a importância da
literatura, na divulgação do português de Moçambique nos meios de comunicação
social e na escola. O léxico é a face mais visível da língua na qual se pode
identificar neologismos, estrangeirismos e empréstimos linguísticos vindos do
inglês e das mais de vinte Línguas Bantu faladas e escritas por moçambicanos.
Analisando as trinta e três crônicas da obra “Coisas de Tete: Mitos, mistérios e
realidades”, do escritor e jornalista Arune Valy procura-se analisar as características do léxico bem como a sua ligação com a cultura dos povos “nyungwés”,
localizados na província de Tete a norte de Moçambique. A presença do léxico
próprio do contexto moçambicano prova que a variante moçambicana existe e deve ser
valorizada sem preconceito incluindo no ensino (educação). (Timbane).
REVISTA LÍNGUA E LITERATURA
outro artigo: Revista Via Litterae
sexta-feira, 22 de março de 2013
A EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: PROBLEMAS, SUCESSOS E INSUCESSOS
Nacala-Porto: Alunos abandonam aulas para procurar água e peixe
POLITICAS DE EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE
Papel do professor é importante na educação
A moral nas nossas instituições
Vice-ministro da Educação de Moçambique, Augusto Jone Luis, comenta os esforços do país na reconstrução de seu sistema educacional e aponta os próximos desafios do governo
No ano em que completa duas décadas de paz, Moçambique se vê em meio a outra batalha: a reconstrução de seu sistema educacional
Ensino e Educação de Jovens e Adultos em Moçambique
QUALIDADE DO ENSINO PRIMÁRIO EM MOÇAMBIQUE
EDUCAÇÃO E GENERO EM MOÇAMBIQUE
Qualidade da educação em Moçambique: Colapso ou Desafio?
Qualidade da educação em Moçambique: Colapso ou desafio? (2)
A EDUCAÇÃO COLONIAL FRENTE À CULTURA DO COLONIZADO
A Educação Colonial de 1930 a 1974
POLITICAS DE EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE
Papel do professor é importante na educação
A moral nas nossas instituições
Vice-ministro da Educação de Moçambique, Augusto Jone Luis, comenta os esforços do país na reconstrução de seu sistema educacional e aponta os próximos desafios do governo
No ano em que completa duas décadas de paz, Moçambique se vê em meio a outra batalha: a reconstrução de seu sistema educacional
Ensino e Educação de Jovens e Adultos em Moçambique
QUALIDADE DO ENSINO PRIMÁRIO EM MOÇAMBIQUE
EDUCAÇÃO E GENERO EM MOÇAMBIQUE
Qualidade da educação em Moçambique: Colapso ou Desafio?
Qualidade da educação em Moçambique: Colapso ou desafio? (2)
A EDUCAÇÃO COLONIAL FRENTE À CULTURA DO COLONIZADO
A Educação Colonial de 1930 a 1974
sexta-feira, 8 de março de 2013
Sur les langues africaines
Saiba tudo sobre as línguas africanas
Línguas na África do Sul
South Africa Languages
The African Languages and english in education (livro)
Sobre as línguas africanas
Línguas na África do Sul
South Africa Languages
The African Languages and english in education (livro)
Sobre as línguas africanas
PRECONCEITO LINGUÍSTICO EM MOÇAMBIQUE
Os artigos que se seguem foram extraídos no jornal "Notícias"(dias 8 e 9 de março 2013). São da autoria do Docente e eticista Salomão Vicente Matosse. Relatam casos de "desvios à norma padrão europeia" e não toleram nenhuma variação. É importante sublinhar que as línguas não são entidades prontas nem estáticas. Elas variam e mudam tendo em conta as variáveis linguísticas e sociais, fato que não é tolerado nestes artigos. A gramática nunca reflectiu a realidade linguística de um grupo social. Ela é fruto de manipulação, quer dizer é artificial pois ninguém usa as normas gramaticais a 100% na sua fala cotidiana. Mesmo em Portugal não se fala a língua da mesma forma. Alguma vez ouviram como os açorianos e os madeirenses falam?´No Brasil, por exemplo já ouviram um são paulino, um caipira quando fala? Mesmo as Línguas Bantu que falamos em Moçambique não são homogéneas. Pois é. É uma característica normal de todas as línguas do mundo pois, elas seguem as variáveis sociais. Por isso que Labov (2008) sustenta que a língua é um produto social e assim, é muito inapropriado estudá-la fora do contexto social. vejamos agora, o que dizem os artigos:
Erros que cometemos ao falar português 1
"É bom! Digo, é muitíssimo gratificante ver que entre professores de português e, ou amantes desta língua de Camões, há pessoas que rasgam a cortina do conformismo e aparecem para ajudar aqueles que tenham dificuldades linguísticas." (Matosse, 8 de março 2013).
Erros que cometemos ao falar português 2
Frequentemente, oiço professores de português, talvez por gravíssima distracção, a dizer aos seus alunos, ainda que com algum carinho: *Meus meninos, abrem vossos cadernos. Análise: esta frase não se enquadra em nenhum dos tipos de frase, que certamente o leitor terá aprendido: declarativo, exclamativo, interrogativo e imperativo. Sem dúvida, à primeira análise, parece-nos adequar-se ao imperativo. (Matosse, 9 de março 2013).
Depois dessas leituras lembramos a firmação do linguista brasileiro, Marcos Bagno que diz "Nada na língua é por acaso". Os linguistas abaixo mencionados explicam de forma exaustiva algumas caraterísticas do Português de Moçambique. A língua Portuguesa falada em Moçambique é dos moçambicanos e reflete a realidade moçambicana. As variações e mudanças se verificam a nível lexical, fonético-fonológico, sintático, morfológico, semântico e pragmático. Matosse (nos seus artigos) relata que esses erros são cometidos por muitas pessoas incluindo professores em sala de aulas. Ficamos felizes (nós pesquisadores da língua) ao saber que a variante moçambicana tende a se generalizar. É que as mudanças linguísticas não avisam. Elas aparecem simplesmente.Por isso que é importante estudarmos a variante moçambicana para que possamos diminuir as reprovações em massa que ainda aterrorizam os alunos. A criação de instrumentos do tipo dicionários e gramáticas diminuiria esse preconceito linguístico que afeta até intelectuais moçambicanos. Os alunos e os professores não falam errado, mas sim só falam diferente da variante europeia. Abaixo "Maria Relva!"*
Bibliografia abaixo descreve as caraterísticas do Português de Moçambique:
********************************************************************************
OUTRA CARTA DE OPINIÃO PUBLICADA EM 2012, NO JORNAL "NOTÍCIAS"
UMA BREVE ANÁLISE DOS ERROS DO "NOSSO" PORTUGUÊS
Jornal Notícias 7 de dezembro de 2012.
Erros que cometemos ao falar português 1
"É bom! Digo, é muitíssimo gratificante ver que entre professores de português e, ou amantes desta língua de Camões, há pessoas que rasgam a cortina do conformismo e aparecem para ajudar aqueles que tenham dificuldades linguísticas." (Matosse, 8 de março 2013).
Erros que cometemos ao falar português 2
Frequentemente, oiço professores de português, talvez por gravíssima distracção, a dizer aos seus alunos, ainda que com algum carinho: *Meus meninos, abrem vossos cadernos. Análise: esta frase não se enquadra em nenhum dos tipos de frase, que certamente o leitor terá aprendido: declarativo, exclamativo, interrogativo e imperativo. Sem dúvida, à primeira análise, parece-nos adequar-se ao imperativo. (Matosse, 9 de março 2013).
Depois dessas leituras lembramos a firmação do linguista brasileiro, Marcos Bagno que diz "Nada na língua é por acaso". Os linguistas abaixo mencionados explicam de forma exaustiva algumas caraterísticas do Português de Moçambique. A língua Portuguesa falada em Moçambique é dos moçambicanos e reflete a realidade moçambicana. As variações e mudanças se verificam a nível lexical, fonético-fonológico, sintático, morfológico, semântico e pragmático. Matosse (nos seus artigos) relata que esses erros são cometidos por muitas pessoas incluindo professores em sala de aulas. Ficamos felizes (nós pesquisadores da língua) ao saber que a variante moçambicana tende a se generalizar. É que as mudanças linguísticas não avisam. Elas aparecem simplesmente.Por isso que é importante estudarmos a variante moçambicana para que possamos diminuir as reprovações em massa que ainda aterrorizam os alunos. A criação de instrumentos do tipo dicionários e gramáticas diminuiria esse preconceito linguístico que afeta até intelectuais moçambicanos. Os alunos e os professores não falam errado, mas sim só falam diferente da variante europeia. Abaixo "Maria Relva!"*
Bibliografia abaixo descreve as caraterísticas do Português de Moçambique:
DIAS, H. N. Português moçambicano: Estudos e reflexões.
Maputo: Imprensa universitária, 2009.
DIAS, H. N. Minidicionário
de Moçambicanismos. Maputo: Imprensa Universitária, 2002b.
DIAS, H. N. A norma
padrão e as mudanças linguísticas na Língua Portuguesa nos meios de comunicação
de massas em Moçambique. In ___.(org.) Português
Moçambicano: Estudos e reflexões. Maputo: Imprensa Universitária, 2009b.
DIAS, H. N. Análise de erros da preposição. In ___.(org.) Português Moçambicano: Estudos e
reflexões. Maputo: Imprensa Universitária, 2009b.
DIAS, H. N. As desigualdades sociolinguísticas e o
fracasso escolar em direção a uma prática linguística escolar libertadora.
Maputo: Promédia, 2002a.
DIAS, H. N. Língua e mudanças sociais - Algumas reflexões
sobre o caso de Moçambique. In Revista
Internacional de Língua Portuguesa. Lisboa: AULP. Março 1993. pp. 96-100.
DIAS, H. N. Os empréstimos lexicais das línguas bantu
no português. in Actas do Simpósio
Nacional sobre Língua Portuguesa em África. Lisboa: Escola Superior de
Santarém. 1991.
DIAS, H. N. Saberes
docentes e formação de professores na diversidade cultural. Maputo:
Imprensa Universitária, 2009a.
DICIONÁRIO DE
MOÇAMBICANISMOS: [Disponível em www.mocambicanismos.blogspot.com/2009/01/m.html
acesso em 8/11/2011.]
FIRMINO, G. A questão
lingüística na África pós-colonial: O caso de português e das línguas
autóctones em Moçambique. Maputo: Promédia, 2001.
FIDALGO, M. Mia Couto
fala sobre a literatura de Moçambique e de sua relação com as palavras. [Disponível
em: www.saraivaconteudo.com.br/Entrevistas/Post/45036 acesso em:17 out 2012.]
GONÇALVES, P. Dinâmicas do Português em Moçambique: Afinal,
o que são erros do português. In Primeiras
Jornadas de Língua Portuguesa. Maputo: UEM, 2005.
GONÇALVES, P. Português de Moçambique : Uma variedade
em formação. Maputo: Livraria universitária da Faculdade de Letras/Universidade
Eduardo Mondlane, 1996b.
GONÇALVES, P. Falsos sucessos no processamento do input na
aquisição de L2: Papel da ambiguidade na génese do português de Moçambique. In ABRALIN, v.4, nº1 e 2, 2005. pp. 47-73.
GONÇALVES, P. Lusofonia em Moçambique com ou sem glotofagia?
Comunicação apresentada no 2º Congresso
Internacional de Linguística Histórica. São Paulo: USP
(07-/02/2012).[Disponível em: www.catedraportugues.uem.mz/lib/docs/lusofonia_em_mocambique.pdf
acesso em 21/set/12].
GONÇALVES, P. Panorama Geral do Português de Moçambique. In Persee, v.79, nº79-3, Ministère de l'Enseignement Supérieur et de la
Recherche, 2001, pp.977-990. [Disponível em:
www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/rbph_0035-0818_2001_num_79_3_4557 acesso em 14 de nov 2012].
GONÇALVES, P. ; MACIEL, C. A. Estruturas de subordinação na
aquisição do português língua segunda. In______. Mudanças do português de Moçambique. Maputo: Livraria
Universitária,1998.
NGUNGA, A. A Intolerância linguística na escola
moçambicana. In Laboratório de Estudos sobre a Intolerância
da FFLCH. São Paulo: USP, 2007. [Disponível em:
www.rumoatolerancia.fflch.usp.br/node/2184 acesso em 21 de maio 2010.]
NGUNGA,
A. Interferências de línguas moçambicanas em português falado em Moçambique.
In Revista Científica da Universidade
Eduardo Mondlane. 2012. v.1, Nº 0 (ed. Especial.), pp.7-20. [Disponível em:
www.revistacientifica.uem.mz/index.php/seriec/article/view/15/28 acesso em 7 de
dez/2012].
STROUD, C. e GONÇALVES, P. (orgs.). Panorama do português
oral de Maputo: Objetivos e métodos. In
Cadernos de Pesquisa do INDE, nº 22,
Maputo: INDE., 1997.
TIMBANE,
A. A. A problemática do ensino da língua portuguesa
na 1ª classe num contexto
sociolinguístico urbano: O caso da cidade de Maputo. 2009.106pp.
(Dissertação Mestrado em Linguística)- Faculdade de Letras e Literatura,
Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, 2009.
TIMBANE, A. A. O português moçambicano: Um olhar sobre
os neologismos em cartas de opinião e em obra de Mia Couto. São Paulo: USP,
2011. (No prelo na Revista do Congresso Internacional da Neologia-CINEO).
TIMBANE, A. A. Os
estrangeirismos e os empréstimos no português falado em Moçambique. In Via Litterae. Anápolis. v. 4, n. 1, p.
5-24, jan./jun. 2012. [Disponível em: www2.unucseh.ueg.br/vialitterae
acesso em 17/out/2012.]
CÁTEDRA
PORTUGUÊS LÍNGUA SEGUNDA E ESTRANGEIRA (CPLSE). Observatório de Neologismos do
Português de Moçambique. [Disponível em : http://www.catedraportugues.uem.mz/?__target__=observatorio&page=busca e http://www.catedraportugues.uem.mz/?__target__=observatorio
acesso em 14/mar/2012]
Gonçalves,
P. Panorama do português de Moçambique. In Revue belge de
philologie et d’histoire. v.79, nº79, nº3, 2001. [Disponível: http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/rbph_0035-0818_2001_num_79_3_4557]
APONTES, S. A. Acomodação de palavras bantu em português:
Algumas consequencias morfofonológicas. In Revista
Philologus. Ano 16, Nº46, Rio de Janeiro: CiFEFil, Jan-abr. 2010. [Disponível
em: http://www.filologia.org.br/revista/46sup/05.pdf
acesso em 4/Jan/2013].
*NB: Maria Relva é o apelido (alcunha) de uma gramática tradicionalista que era usada nas escolas no período colonial. O autor é José Maria Relvas. Os alunos eram obrigados a memorizar as regras gramaticais e a repetir as frases previamente elaboradas. Não se aceitava analisar frases fora dessa gramática. Segundo Neves (2009) o ensino da gramática é importante na
escola, mas também “não pode ser oferecida como uma camisa-de-força, primeiro mapeada para depois ser recheada de
exemplos, aqueles que venham a calhar para a doutrina assentada.” (NEVES, 2009,
p.85, grifo meu).
********************************************************************************
AINDA SOBRE PRECONCEITO LINGUÍSTICO
OUTRA CARTA DE OPINIÃO PUBLICADA EM 2012, NO JORNAL "NOTÍCIAS"
UMA BREVE ANÁLISE DOS ERROS DO "NOSSO" PORTUGUÊS
SR. DIRECTOR!
O português, assim como
muitas outras línguas, são o resultado da transformação, ao longo dos séculos,
de um outro idioma, o latim, que era falado no Lácio, região da Península
Itálica, onde ficava a antiga cidade de Roma. Assim, o português nasceu do
latim vulgar (sermo plebeius), uma das três variedades da língua romana.
Esta é
também conhecida como a “língua de Camões” (em homenagem a uma das mais
conhecidas figuras literárias de Portugal), o autor de Os Lusíadas.
Ora
bem, ao analisarmos o uso desta língua pela qual nos comunicamos diariamente,
verificamos constantemente erros crassos e que são uns atropelos
verdadeiramente mortais aos tímpanos de quem a ouve. É uma questão inevitável:
que haja erros. Mas é insustentável que esses erros passem despercebidos
àqueles que têm algum domínio da língua, cometendo o grandessíssimo erro de não
corrigir aos errados. Sincera e tristemente falando, não é admissível que um
locutor de rádio ou apresentador de televisão diga tera e não terra, guera enquanto deveria dizer guerra.
A pergunta é: como é feita a selecção para que se ocupe um determinado posto?
Acredito que a maioria de nós já sabe qual é a resposta óbvia.
A
ideia não é, obviamente, de dar aulas da língua portuguesa, mas sim de tentar
alertar e/ou sugerir aos profissionais, aos educadores e até ao Governo, a
investirem mais na educação dos seus filhos, comprando livros de gramática e
juntos aumentarem os seus conhecimentos gramaticais: tanto na escrita, como na
fala. Lembro-me que no tempo da escola primária cometia-se um erro que parecia
normal dizer: “Vamos comer festa”. Os nossos pais corrigiam-nos imediatamente,
e, ao aprender, também corrigíamos a outras crianças.
Mas
hoje em dia, se é o pai a dizer ao filho: “filho, estão te a chamar com a
tua mãe” ou então “amim me disseram com Benjamim”, o que
será que o filho irá transportar de aprendizagem em relação à língua
portuguesa? Certamente que os mesmos erros cometidos pelo pai, que de noite
frequenta a faculdade.
Muitos
dos que ocupam altíssimos cargos nas diversas instituições do nosso país e
auferem salários gordos, digo francamente que o seu português é bastante magro
e como exemplo disso são os documentos pobres que assinam sem verificarem o seu
conteúdo, sem sequer corrigir a péssima escrita dos seus subordinados directos.
Quantas (muitas) vezes não nos envergonhamos com as fraquinhas intervenções dos
nossos deputados, que (alguns) não sabem ler e nem demonstram nenhuma
capacidade de improviso quando se engasgam e muito menos possuem poder de
expressão. É simplesmente triste.
Todos
os dias observamos nos nossos canais televisivos publicidades com erros
absolutamente anormais, como por exemplo: Você. Segmento tem um significado totalmente
diferente de seguimento.
Vamos
investigar, vamos ler mais do que lemos, e, se não o fizemos, é hora de
começar. Para que o país desenvolva é necessário que haja uma comunicação sã e
para que isso aconteça é também necessário que haja um esforço por parte de
todos aqueles que têm crianças e/ou adolescentes sob seus cuidados, para que se
expressem melhor (na escrita e na leitura). É incrível que mesmo os mais
estudados conseguem descaradamente cometer erros inadmissíveis e num à vontade,
um professor perguntar aos seus alunos:…
a
gente estávamos a falar de quê? Já não se respeita a concordância frásica nos
dias de hoje. Não vamos desestruturar os nossos filhos, as nossas crianças.
Elas não merecem os atropelos que, de anormais já passaram a ser “normais”. O
português está a ser terrivelmente esmagado, desrespeitado. São poucas
mensagens (telefónicas e não só) que respeitam à escrita devida. Como se pode,
em pleno século XXI, alguém com mais de 30 anos de idade poder escrever: os meus alunos estam doentes…???
O mais
ridículo ainda são os ditos novos “cantores” e não os cantores novos. Depois de
tudo que muitos de nós fomos e somos obrigados a ouvir, digo com quase toda
certeza, que não existe nenhuma censura nas letras dos meninos que se põem a
abrir as suas bocas para nada dizer:… você
danças muito
bem. Por onde andam os pais para corrigi-los? Antes de gravar algo, não
perguntam aos outros seus amigos de “profissão” ou especialista de língua se
está bem? É uma febre que se espalha pela nossa sociedade. É lamentável, mas
contornável, se depender somente do nosso esforço pela leitura e
escrita.
- Rui Mendes
Jornal Notícias 7 de dezembro de 2012.
Assinar:
Postagens (Atom)